domingo, 26 de dezembro de 2010

Indo

E ainda há de existir
O dia mais lindo
A noite mais quente
A vida contente

E como se fosse preciso
Os nossos olhos verão
De tão próximos que estão
Nossos corações trocados

E a saudade há de surgir
Da pureza do amor
Da grandeza da dor
Do que resta sentir

E tudo será lembrado
Nossos beijos passado
Persistentes como o orvalho
Que resistem ao cair

E vais chorar
Sentindo meu perfume no ar
E pedirá a quem quer que seja
Que te leve em meu lugar.

E quando meu peito descansar
Ainda que seja tarde
Poderei voltar e, enfim,
Te dar o abraço que faltou para mim.

domingo, 17 de outubro de 2010

Empilhar ou construir?

1 tijolo,
2 tijolos,
3 tijolos,
4, 5, 6, 7...
100 tijolos,
1000 tijolos.
Ops, ficou tudo torto.

1 tijolo,
10 tijolos,
50 tijolos,
10.000 tijolos.
Ops, esqueci do cimento.

1 tijolo,
Cimento.
Mais 1 tijolo,
Cimento.
Outro tijolo,
Cimento.
Milésimo tijolo,
Cimento.
Vigas e colunas... argh!
Tudo pro chão novamente.

Colunas,
Vigas,
muitos tijolos,
bastante cimento.
Eba!

1º andar,
2º andar,
3º andar,
4º, 5º, 6º...
Terreno irregular,
Vai tudo desmoronar!

E agora?
Acabou o material,
O Pedreiro foi embora,
Senta e chora?

Faltou concreto no seu romantismo;
ou romance no seu concretismo?
Ainda bem que o pedreiro foi embora.
Vc derruba o que ele faz toda hora!

Preciso de um professor
para me ensinar a construir
Estou sem pedreiro
Cansada de demolir

O material acabou
Nenhum tijolo me resta
Vou chamar o professor
Será que ele empresta?

domingo, 19 de setembro de 2010

Ela

Os belos olhos cor de canela
Seu sorriso é só aquarela
Em seu cabelos linda fivela
A dançar de saia amarela

Vai pela rua morena bela
Recebe uma flor bem singela
Retirada de uma lapela
Rodopia saia amarela

Sedutora é a magricela
Não se percebe toda mazela
Sapateando sua chinela
Apela pra saia amarela

A alegria é toda dela
Aos galanteios nem dá trela
Doce gingado em si revela
Quando sacode a amarela

Pela rua e pela viela
Com as amigas só tagarela
Falando dos moços com cautela
Balança a saia amarela

Corre logo para a capela
E com fé acende uma vela
Mas que prece seria aquela?
Chorava a saia amarela

Menina delicada donzela
Todo amor que der para ela
Não vale nem uma bagatela
Esqueça da saia amarela

Às seis corre para ver novela
E tira a saia amarela
Não existe amor nem tutela
Dorme sem sua saia Marcela

Amada

Toda mulher deveria saber o que há atrás da porta do recato
Não precisa ser puta, nao precisa ser tarada
Só precisa saber o que é ser amada
Amada no chão, amada na cozinha
Amada pra sempre, amada sozinha

Senti(n)do

A jaqueta no chão
Alvoroço
Lascivo, o teu pescoço
Que beijo com paixão

O travesseiro mordido
Loucura
Enquanto você murmura
Dentro do meu ouvido

Meus seios, maçaneta
Esfrega
Você todo se entrega
Dentro da minha gaveta

Parede amarela
Marcada
A cama amada
O mel que é dela

No edredon colorido
Padece
A lingua que aquece
Mulherengo lindo...

sábado, 18 de setembro de 2010

Alma desamada

Pescou seu coração
Abriu uma feriada em seu peito
Despiu-se de paixão
Recusou seu sentimento
Enlouqueceu-a.

Panela lava com sabão

Um dia enlouqueci
E joguei tudo pela janela
Os LPs, a televisão
O guarda-roupas e uma panela

Não pensei
Nem liguei pra quem passava
Foi vaso, ventilador
Seu gato cinza e minha lava

Devias ter pensado
Antes de subir o tom
Arremessei alguns brinquedos
Meus quadros e .com

Antes que me atire
Atiro nossa paixão
Não repetirei seu nome
Joguei com sabão

Te dedico, Chico

Tentei te escrever, mas não foi possível
Então faços das suas, as minhas palavras
E O Meu Amor te dedico


O Meu Amor - Chico Buarque

O meu amor tem um jeito manso que é só seu
E que me deixa louca quando me beija a boca
A minha pele toda fica arrepiada
E me beija com calma e fundo
Até minh'alma se sentir beijada

O meu amor tem um jeito manso que é só seu
Que rouba os meus sentidos, viola os meus ouvidos
Com tantos segredos lindos e indecentes
Depois brinca comigo, ri do meu umbigo
E me crava os dentes

Eu sou sua menina, viu? E ele é o meu rapaz
Meu corpo é testemunha do bem que ele me faz

O meu amor tem um jeito manso que é só seu
De me deixar maluca, quando me roça a nuca
E quase me machuca com a barba mal feita
E de pousar as coxas entre as minhas coxas
Quando ele se deita

O meu amor tem um jeito manso que é só seu
De me fazer rodeios, de me beijar os seios
Me beijar o ventre e me deixar em brasa
Desfruta do meu corpo como se o meu corpo
Fosse a sua casa

Eu sou sua menina, viu? E ele é o meu rapaz
Meu corpo é testemunha do bem que ele me faz...

Acomodada

Deixei que o tempo passasse
Ao lado dos sonhos meus
Foram-se os sonhos com a vida
Dizendo apenas adeus

Depois vivi ilusões
Jurando que fossem minhas
Mas todas foram embora
Como um bando de andorinhas

Enfim consigo te esquecer
Meus dias estão lotados
Tudo o que vivi ficou para trás
Num agridoce passado

Ainda que o tempo volte
Que tudo tome seu lugar
Sonhos e ilusões não existirão
Para que novamente precise te amar